Olá! Sou Fernando Barbosa, jornalista, 23 anos. Por convite da Isa, me propus a dar os meus pitacos sobre o cenário atual da política brasileira, literatura, entre outras coisas. Em tempos em que somos divididos entre "coxinhas" e "petralhas", de muito ódio dos dois lados, falta muita informação e conhecimento. Sobretudo, falta leitura.

Além de opinar, quero deixar dicas de artigos e livros que vejo no dia-a-dia.

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Não é segredo para ninguém que alianças partidárias brasileiras são, no mínimo, contraditórias. Correntes ideológicas contrárias conversam entre si. Tudo em prol da tal "governabilidade", ou, quem sabe, de uns minutos a mais de propaganda partidária na televisão e no rádio.

Para exemplificar, lembremos do encontro e da foto memorável entre o ex-governador Paulo Maluf, o ex-presidente Lula e hoje prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, em 2012 (procure no Google). Maluf e o seu Partido Progressista (PP) entraram na coligação do petista, algo inimaginável até o começo da década passada.

Na última quinta-feira (24), mais uma dessas contradições se repetiram. O Partido Socialista Brasileiro (PSB) - cujo seu maior líder é o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, morto em um acidente de avião em agosto de 2014 - lançou uma nova peça publicitária na tevê criticando o governo da presidente Dilma Rousseff (PT).

Reclama do corte de gastos em áreas como Saúde, Educação, Segurança... e Transporte. Verdade. O governo vem reduzindo gastos desde a reeleição da presidente, em outubro de 2014.

O que incomoda e distorce a verdade é a forma como o partido se posiciona: "Depois de quatorze anos, o eleitor deve se perguntar: cadê a Reforma Política? Cadê a Reforma Agrária? Cadê a Reforma Urbana? Cadê a Reforma Tributária (impostos)", diz um trecho.

↓ Propaganda partidária do PSB: #ChegadePerder ↓


"Depois de quatorze anos". Para quem não sabe, o PSB integrava a base do governo até 2013. Pela campanha de Eduardo Campos à Presidência da República, renunciou a Secretaria dos Portos e o Ministério da Integração Nacional. E mais: o partido era considerado um aliado histórico do PT. Com exceção da última campanha presidencial, estiveram juntos em todas as demais disputas, inclusive na campanha de 1989, quando Lula perdeu para o hoje senador Fernando Collor (do PTB de Alagoas). 

O governo errou na economia e em muitos outros aspectos, como promessas de campanhas inviáveis, que seriam mesmo promessas. Todavia, é difícil para quem hoje está no comando do PSB admitir: o partido saiu da centro-esquerda (a chamada esquerda não "radical") para fazer aliados à direita. 

Refundado após 21 anos de ditadura militar por Roberto Amaral (ex-Ministro da Ciência e Tecnologia entre 2003 e 2004, no governo Lula), trouxe consigo o ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes (avô de Eduardo Campos). 

É bom lembrar que Eduardo Campos (ex-ministro da Ciência e Tecnologia no governo do PT) e Aldo Rebelo (PCdoB) foram, ao lado de Lula, os líderes responsáveis por dialogar com o Congresso Nacional quando veio à tona o escândalo do mensalão petista, em 2005.

Eduardo Campos foi ministro da Ciência e Tecnologia de Lula (crédito: Agência Brasil)

Depois da aliança com os petistas, se aproximou a cada dia da oposição, a quem tanto criticou. Apoiou o PSDB no segundo turno da última disputa à Presidência. Com o vice-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), sonha em ser vice na chapa de Geraldo Alckmin que disputará o Palácio do Planalto em 2018. Caminho diferente de sua trajetória. Pede agora a renúncia de Dilma, como se não tivesse feito parte de 10 dos 13 anos da gestão petista. O resultado dessa mudança ideológica é a saída de Amaral e da vereadora do Recife, Marília Arraes (prima de Campos, que foi para o PT) e do governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), em atos contra o impeachment. Afinal, vale tudo na política brasileira.


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